O Inverno na aldeia...!
Este dia de S. Vicente
Dedico-o ao meu filho, para que o conhecimento se apoder da sua sorte, a alegria nunca deixe de dominar o seu destino, que encontre sempre o encanto suficiente para enfrentar as contrariedades, que Deus o ajude, mesmo num dia frio de Inverno, a amar a vida e a natureza...
Quando o Inverno chegava à aldeia, a serra já há muito se engalanara para o receber, no entanto, naquele dia, era ainda o sol que reinava pela manhã. Um fresco aroma a pinho silvestre deambulava por entre a vegetação do monte, uma aragem húmida e perfumada que o vento se encarregava de espalhar… A tímida luz dourada, descia lentamente os íngremes desfiladeiros, demorava-se um pouco pelo povoado, num íntimo ritual que durava desde o Verão, até que mergulhava na água gelada do pequeno riacho.
Nessa altura, subitamente, uma névoa veio interromper o banho no charco, o vale inundou-se de uma sombra cinzenta arrebatadora, as cores da natureza empalideceram! Os cumes das montanhas principiaram a esconder-se debaixo de uma longa cortina de nevoeiro que ia lentamente descendo pela encosta de uma forma progressiva. Uma bruma densa e fria vinha acariciar a vegetação dos lameiros, junto das nascentes, e acompanhava a água que descia em correria pelas fragas ao encontro da ribeira.
O povoado ficava igualmente envolto nesse estranho manto de fumo fiado no horizonte, até que a luz solar se agigantava de novo, refugiando a neblina nos barrocos mais abruptos, enquanto se não desfiava em pequenos filamentos que se transformavam em finos fios de algodão levados pela brisa. Então, abrigava-se novamente na parte mais alta dos montes construindo ali uma imponente muralha.
O escurecer precipitava de novo o arrefecimento do ar, o enegrecimento das colinas confundia-se com as trevas do firmamento, numa íntima união que reforçava o silêncio, ternas cumplicidades que se perpetuavam através do tempo...
O brilho das estrelas e os focos de luz meio sumidos esbatiam-se num extenso fundo negro luzidio denunciando a aldeia (Fórnea) situada ao fundo do valado. Os lares fumegavam, juntavamo-nos em redor do calor da fogueira, a ouvir o crepitar do lume, a olhar as fagulhas soltarem-se no ar, esperando eternecidamente pela magia do sono!
Foi assim que construi os sonhos de criança... voando por aquele imenso abandono, acedendo a secretos lugares que só se encontram no céu, fazendo juras eternas à natureza, comprometido com Deus, que ainda mal conhecia, que, em troca da magia, lhe entregaria a minha alma...
Dedico-o ao meu filho, para que o conhecimento se apoder da sua sorte, a alegria nunca deixe de dominar o seu destino, que encontre sempre o encanto suficiente para enfrentar as contrariedades, que Deus o ajude, mesmo num dia frio de Inverno, a amar a vida e a natureza...
Quando o Inverno chegava à aldeia, a serra já há muito se engalanara para o receber, no entanto, naquele dia, era ainda o sol que reinava pela manhã. Um fresco aroma a pinho silvestre deambulava por entre a vegetação do monte, uma aragem húmida e perfumada que o vento se encarregava de espalhar… A tímida luz dourada, descia lentamente os íngremes desfiladeiros, demorava-se um pouco pelo povoado, num íntimo ritual que durava desde o Verão, até que mergulhava na água gelada do pequeno riacho.
Nessa altura, subitamente, uma névoa veio interromper o banho no charco, o vale inundou-se de uma sombra cinzenta arrebatadora, as cores da natureza empalideceram! Os cumes das montanhas principiaram a esconder-se debaixo de uma longa cortina de nevoeiro que ia lentamente descendo pela encosta de uma forma progressiva. Uma bruma densa e fria vinha acariciar a vegetação dos lameiros, junto das nascentes, e acompanhava a água que descia em correria pelas fragas ao encontro da ribeira.
O povoado ficava igualmente envolto nesse estranho manto de fumo fiado no horizonte, até que a luz solar se agigantava de novo, refugiando a neblina nos barrocos mais abruptos, enquanto se não desfiava em pequenos filamentos que se transformavam em finos fios de algodão levados pela brisa. Então, abrigava-se novamente na parte mais alta dos montes construindo ali uma imponente muralha.
O escurecer precipitava de novo o arrefecimento do ar, o enegrecimento das colinas confundia-se com as trevas do firmamento, numa íntima união que reforçava o silêncio, ternas cumplicidades que se perpetuavam através do tempo...
O brilho das estrelas e os focos de luz meio sumidos esbatiam-se num extenso fundo negro luzidio denunciando a aldeia (Fórnea) situada ao fundo do valado. Os lares fumegavam, juntavamo-nos em redor do calor da fogueira, a ouvir o crepitar do lume, a olhar as fagulhas soltarem-se no ar, esperando eternecidamente pela magia do sono!
Foi assim que construi os sonhos de criança... voando por aquele imenso abandono, acedendo a secretos lugares que só se encontram no céu, fazendo juras eternas à natureza, comprometido com Deus, que ainda mal conhecia, que, em troca da magia, lhe entregaria a minha alma...
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