O tempo de ser criança, que já não volta mais!
Depois do levantar da manhã, a escassa pausa antes do trabalho, já livre dos estudantes, ou ao findar do dia, no tempo fugaz que surge após a sua deita… ou ainda o tempo veloz que passo a olhar os petizes: a nadar com desenvoltura ou a atirar bolas ao cesto, ou o tempo efémero que passo colado ao ecrã a ver o Benfica a jogar; são estes os raros momentos em que o ser desafia o entendimento, instantes que dimensionam a vida ou projectam mais razão para o existir…
Na verdade, já lá vai o tempo, em que o tempo infindável me abraçava nas brincadeiras de criança, o tempo interminável que me envolvia na aprendizagem escolar... o tempo em que andava na rua, apanhava os frutos proibidos, que cresciam do outro lado dos muros, ou quedava no aconchego do lar, até a chuva atravessar o inverno e a aridez da terra, o tempo admirável das raras e paradisíacas viagens de carro, das visitas solenes aos museus e palácios, em múltiplas e maravilhosas viagens de estudo, desbravando conhecimentos e lugares, crescendo em saber e alegria...
Tempo em que havia tempo para ser criança, jogar ao alho, às escondidas, tardes contínuas a jogar à bola, ao berlinde ou ao pião... Quando havia alguma estrada nova, que se proporcionasse ao deslizamento dos carrinhos de rolamentos, lá íamos nós, entrávamos pelas noites de verão, juntando a tépida brisa do serão com o espírito reinadio...
Também havia zaragatas, confrontos de titãs ou embates musculados, eu tentava impor-me mais pela maneira entusiasta, frágil para os confrontos físicos, refugiava-me no desenfreado palavreado para marcar o território ou aliviar a afronta...
Hoje em dia, tantas urbanizações novas e tantas ruas desertas, apenas as viaturas preenchem as vias; os parques ainda vão juntando a garotada para queimar a euforia contida em tantas horas à frente do pc ou televisor. As pessoas preferem confluir com a pequenada aos grandes eventos infantis, aos lugares congestionados, guiados pela mão protectora dos pais, que não foram habituados a tantas mordomias, vivendo outra infância, imiscuindo-se na dos filhos, vibrando com a sua abundância e extasio...
Os filhos já não saiem à rua sem controlo parental, não vão à escola sozinhos, não passam tardes a brincar lá fora, não vivem a autêntica liberdade, não são treinados para enfrentar a fascinante ou cruel realidade da sociedade. Predomina a possessão e o consumo, cultiva-se o aspecto sobremaneira, os cirurgiões plásticos, os dentistas, os spas, nunca tiveram tanto na moda…
Afinal o ser humano sempre deu e vai continuar a dar importância ao olhar, ao primeiro impacto, ao primeiro amor, ao olhar ingénuo e sincero de criança... é esta a sociedade que temos, influenciada e massificada cada vez mais pela televisão, quem sabe vez menos combativa às frustrações ou vulnerabilidades que advêem de problemas financeiros ou sentimentais, muito por culpa de relações cada vez mais descartáveis em desfavor de compromissos mais formais...
Mas é assim que vamos avançando e adaptando o ritmo das nossas vidas ao quotidiano, procurando que alguma ambição terrena menor ou um maior alento divino nos dê mais sentido e alegria para a nossa vida!
Na verdade, já lá vai o tempo, em que o tempo infindável me abraçava nas brincadeiras de criança, o tempo interminável que me envolvia na aprendizagem escolar... o tempo em que andava na rua, apanhava os frutos proibidos, que cresciam do outro lado dos muros, ou quedava no aconchego do lar, até a chuva atravessar o inverno e a aridez da terra, o tempo admirável das raras e paradisíacas viagens de carro, das visitas solenes aos museus e palácios, em múltiplas e maravilhosas viagens de estudo, desbravando conhecimentos e lugares, crescendo em saber e alegria...
Tempo em que havia tempo para ser criança, jogar ao alho, às escondidas, tardes contínuas a jogar à bola, ao berlinde ou ao pião... Quando havia alguma estrada nova, que se proporcionasse ao deslizamento dos carrinhos de rolamentos, lá íamos nós, entrávamos pelas noites de verão, juntando a tépida brisa do serão com o espírito reinadio...
Também havia zaragatas, confrontos de titãs ou embates musculados, eu tentava impor-me mais pela maneira entusiasta, frágil para os confrontos físicos, refugiava-me no desenfreado palavreado para marcar o território ou aliviar a afronta...
Hoje em dia, tantas urbanizações novas e tantas ruas desertas, apenas as viaturas preenchem as vias; os parques ainda vão juntando a garotada para queimar a euforia contida em tantas horas à frente do pc ou televisor. As pessoas preferem confluir com a pequenada aos grandes eventos infantis, aos lugares congestionados, guiados pela mão protectora dos pais, que não foram habituados a tantas mordomias, vivendo outra infância, imiscuindo-se na dos filhos, vibrando com a sua abundância e extasio...
Os filhos já não saiem à rua sem controlo parental, não vão à escola sozinhos, não passam tardes a brincar lá fora, não vivem a autêntica liberdade, não são treinados para enfrentar a fascinante ou cruel realidade da sociedade. Predomina a possessão e o consumo, cultiva-se o aspecto sobremaneira, os cirurgiões plásticos, os dentistas, os spas, nunca tiveram tanto na moda…
Afinal o ser humano sempre deu e vai continuar a dar importância ao olhar, ao primeiro impacto, ao primeiro amor, ao olhar ingénuo e sincero de criança... é esta a sociedade que temos, influenciada e massificada cada vez mais pela televisão, quem sabe vez menos combativa às frustrações ou vulnerabilidades que advêem de problemas financeiros ou sentimentais, muito por culpa de relações cada vez mais descartáveis em desfavor de compromissos mais formais...
Mas é assim que vamos avançando e adaptando o ritmo das nossas vidas ao quotidiano, procurando que alguma ambição terrena menor ou um maior alento divino nos dê mais sentido e alegria para a nossa vida!
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