Fazer contas à vida…!
A festa litúrgica de Nossa Senhora do Carmo é comemorada pelos cristãos no dia 16 de Julho. É um título consagrado à Nossa Senhora com o propósito de relembrar o convento construído em honra da Santíssima Virgem Maria nos primeiros séculos do Cristianismo, no Monte Carmelo, em Israel.
A principal característica desta invocação mariana é apresentar o Escapulário do Carmo, símbolo que representa o ato de se estar ao serviço do Reino de Deus e que traz muitas indulgências, graças e outros benefícios espirituais a quem assume este sinal e esta proposta.
A vida vai percorrendo o tempo, cedendo aos preconceitos a inocência, mitigando desgostos a troco de emoção. Periclitantes, almejamos o auge sem o arrojo adequado, receosos do sofrer que sucede à ilusão, à mercê dum prazer fugaz que vai do ínfimo silêncio à eterna exaltação...
Vamos ocupando o tempo com o crescimento dos filhos e a nossa própria maturação, importados com uma estável relação, sempre ávida de consolação...
Mas certa manhã, acordamos com os filhos já crescidos, minando o seu espaço, proclamando autodeterminação. O tempo vai guardando no sótão as vivências, das tardes invernosas passadas no soalho da sala a jogar, das aventuras soalheiras no parque, atrás da bola, do frenesim das férias na aldeia, dos serões de estrelas e histórias encantadas...
Depois vem a escola, a exigência e os horários, tentamos permanecer à tona, no cuidar e no ensino, com o comboio do trabalho e da fadiga em andamento…
Acaba então por sobressair a nossa autêntica maneira de ser, depois do estado de graça, afloram quezílias geracionais, atritos conjugais, revés laborais, a decadência da idade, ou a importância que tudo isso nos merece no delírio do passado...
Os meus pais apenas me criavam, não explicavam decisões, governavam a sua vida, que por acaso também era a minha, ponham nas mãos de Deus e do acaso a vida dos filhos, nas horas livres do dia, na aprendizagem da escola, na liberdade das férias, apenas estavam presentes, sabe Deus com que sacrifícios e ambições, davam o seu exemplo de operários convitos e afincados, por míseros escudos, criaram três filhos e ainda pouparam para outras ocasiões ou ténue prosperidade...
Porque as lições de vida não são exclusivo do dinheiro, mas das boas ações, da conduta e honestidade, das orações no lar, das horas passadas nas igrejas, rituais de reflexão espiritual que nos ajudavam a resistir às contrariedades...
Hoje em dia gasta-se tanto dinheiro em animais domésticos, vícios fisiológicos e caprichos pessoais, quinquilharia material ou consumo alimentar. As razões do decréscimo dos matrimónios e natalidade não são de razão económica, mas de uma mentalidade egocêntrica, onde a satisfação individual se sobrepõe à visão comunitária…
A televisão veio apressar o mundo, uniformizar opiniões, ambições desmedidas por alcançar o melhor, conseguir ter e ser como os outros, mas, porventura, tudo isto é incontrolável…
A essência do ter é sempre desmedida e a do ser é da esfera divina, duma paz espiritual, cuja metafisica é sempre difícil de explicar, talvez Deus nos possa dar uma ajuda...
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