Encosta-te a mim e deixa-te estar!
Dia do Pai
Não há palavras para descrever o sublime
sentimento de paternidade, a alegria autêntica e a tremenda responsabilidade de
ser pai ou filho, de existir neste incomensurável incerteza da humanidade,
vivendo cada momento na firmeza do destino e no amor infindável dum ser… seja na efémera
luz que nos abraça em cada dia ou no olhar brilhante com que Deus nos mostra a
eternidade…
Nem sempre são os familiares mais chegados, dos retratos comuns, os que nos amam mais. Mesmo que se aflijam quando estamos apoquentados, se nos desprezam e reprovam, fazem-nos sentir estranheza e amargor.
Nem sempre os
familiares são âncoras na nossa vida ou nos alargam o horizonte no olhar… Quando
nos olham… São até, por vezes, as que mais nos desapontam ou deixam
desamparados. Têm receio de dizer “gosto de ti”, para que isso não nos iluda,
não expõe o seu peito ao aconchego e ao sentir. Falam fluentemente dos ossos,
da gripe, mas raramente dos sonhos que as movem ou das convicções que lhes dão
luz. Quando o fazem é como se nos pedissem “tem pena de mim” e quase nunca
“gosta de mim”, “ama-me” muito menos.
Mas há
sempre alguém que nos ensina a aprender, sem perguntar porquê, em pequenos
gestos ou nadas que nos iluminam, não deixam avolumar as coisas por dizer, consolam
o coração… Porque o nosso mundo interior não divide as pessoas entre estranhas
e família, mas antes entre aventureiros, arquitetos e alquimistas.
Os
aventureiros sãos as pessoas que nos supreendem esporadicamente, como
pirilampos, que nos tocam num assombro luzidio ou deixam mergulhados na
escuridão…
Os
arquitectos desvendam planaltos e guiam-nos, trazem consigo as revoluções
tranquilas que acrescentam outros lugares e maneiras de pensar.
Mas são os
alquimistas, que abrem persianas na nossa alma, dão-lhe sol e transformam-nos
para sempre, nunca nos perguntam se estamos tristes ou aflitos, apenas nos
dizem, “chega-te a mim e deixa-te estar”…
Baseado no Livro de Eduardo Sá - “Chega-te a mim
e deixa-te estar”
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