Na vida efémera há sempre uma mão divina!

21 de Novembro - Apresentação de Nossa Senhora
Celebrada já no século VI em Jerusalém, a apresentação de Maria, ficou como um dos mistérios da vida daquela que Deus escolheu para Mãe de seu Unigênito. A consagração que Maria fez a Deus, ainda na infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça ficara plena na sua “imaculada conceição”.

Nenhum ser humano esquece a morte de um pai (ou de uma irmã!). Seja em que momento for, revolvemos a razão num turbilhão de emoções, confiados que o futuro vá aclarando o destino na sóbria luz da orfandade e solidão…
Quase sempre essa tragédia surge num encadear de acontecimentos, como se Deus nos suavizasse a desgraça, dando com uma mão aquilo que nos tira com a outra; como se vagueássemos por um sonho, de contornos sumidos e misteriosos itinerários e fossemos repentinamente sacudidos pela voragem do tempo…

Enfrentados esses momentos de ansiedade e depressão, vergados pelo futuro que se agiganta incerto, pelo mundo que desaba, vamos erguendo a coragem, numa amálgama confusa de pedaços de imagens que emergem à memória, como folhas secas que o vento do Outono atira em contínuos remoinhos pelo ar…

Mesmo sabendo que a vida é uma viagem de partida e meta traçadas, que alguém pode estar no final do caminho, quem está realmente preparado para o inevitável desenlace?!
Na placidez vertida pela face inacessível, nos melancólicos gemidos com que o vulto alquebrado se agarrava à vitalidade, como uma vela mortiça que desperta ao sabor duma aragem súbita, assim foi a esperança até ao último fôlego, sem saber que um aperto de mãos selava a despedida, me revelava o segredo da paternidade…

A vida é um lampejo, consentido pelo nada a que regressa, também as palavras desaguam no silêncio, em sensações extremadas que revolucionam os sentidos, tornam mais autêntico o existir. Mergulhamos no mutismo retemperador da triste ocasião e ficamos à espera que Deus nos seduza a retomar o caminho…

Inspirado no Prólogo do Livro “O Homem de Constantinopla” de José Rodrigues Santos

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