Uma luz trémula que não se extingue!
7 JUNHO 2015 - SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO
É uma "festa de guarda", obrigatório participar da Santa
Missa, realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade (que ocorre uma semana depois do Pentecostes); para
testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a Santíssima Eucaristia, nesta solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.
Passaram alguns anos à criança alegre e genuína, que acompanhava a família nos domingos ao culto na igreja suburbana onde cresci. Cumpria o pedido, não faltava a reuniões, fui além do que era exigível e mostrava com despudor o meu empenho e retidão.
Passaram alguns anos à criança alegre e genuína, que acompanhava a família nos domingos ao culto na igreja suburbana onde cresci. Cumpria o pedido, não faltava a reuniões, fui além do que era exigível e mostrava com despudor o meu empenho e retidão.
Fui resistindo
àquele fervor, que escapa ao entendimento do incrédulo, um impulso descrito com
metáforas imperfeitas ou palavras tímidas, um movimento no escuro atrás dum
destino que apenas se pressente... Todavia, mais
tarde, no meu Getsémani, a sós com Deus, no íntimo do coração, não evitei escapar
à ideia que as minhas palavras se perdiam no silêncio, na projeção mágica e vaporosa
da minha solidão...
O que é a Fé?
Tinha um
amigo que se queixava de não beneficiar desse dom que abençoava os inocentes,
como alguém sem talento para o desenho ou que carece de sossego para as
inquietações. Mas a resposta que lhe fugia, só está ao alcance da simplicidade
dos puros, de quem sobrepõe o sentir ao pensamento.
Os crentes
utilizam a metáfora do vento para explicar Deus: Não o vemos mas sentimos os
seus efeitos nas folhas que se agitam. Nem todos experimentam essa brisa a
inquietar o espírito, uma fé genuína que faz irradiar o amor aos outros e
orienta a vida por uma ação divina.
A minha avó
tornou-se uma pessoa mais calma, curada das feridas infligidas na infância, como
muitas outras da sua geração, desenraizadas do campo, com pouca instrução,
vergadas à pobreza, encontravam na religião, uma escola, uma família, um
sistema social de apoio, um sentido, e não há ninguém que viva melhor sem um
propósito.
Será isto a fé, acreditar, nessa luz
trémula, que porém nunca se extingue?
A fé também
é uma maneira das pessoas encontrarem o seu lugar no mundo. Alguns procuram
consolo na arte, no amor, nos filhos, numa certa ideia de humanismo que lhes
faça suprir algumas lacunas espirituais.
Num prédio, as luzes da garagem
funcionavam por sensores. Alguém descia com as filhas, sempre atrás, com medo,
à espera que as luzes se acendessem. Até que, passado um tempo, a mais velha começou
a passar à frente do pai, correndo na direção do carro. Quando lhe perguntaram
se já não tinha medo, ela respondeu que não “Eu sei que as luzes vão acender”.
A isto
chama-se ter fé, cada um de nós pode andar no escuro mas é preciso acreditar,
saber que as luzes se irão acender!
Baseado no Livro “Aleluia!” de Bruno Vieira Amaral (Fundação
Francisco Manuel dos Santos)
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