Trata cada dia como se fosse uma vida!
22 Janeiro - Dia São Vicente
Vicente, viveu no século III, negando-se a adorar
os deuses pagãos, foi brutalmente martirizado até morrer a 22 janeiro 304. O corpo foi atirado aos animais, mas foi protegido
por um corvo de ser devorado, o que levou o povo a considerá-lo um santo.
Com a invasão
muçulmana em 713 na Península Ibérica, o corpo de São Vicente foi colocado num
barco à deriva, dando à costa no promontório sacro de Sagres. D. Afonso Henriques
resgatou o corpo e ordenou o envio das
relíquias para Lisboa por barco, segundo a lenda, dois corvos velaram
o transporte. São Vicente tornou-se o padroeiro de Lisboa e do Algarve, assim como de Valência e de Vicenza.
Mil e tais páginas
depois cheguei ao final da saga do senhor Gulbenkian, o homem ilustre e poderoso
que nasceu nos confins da Europa e se veio a estabelecer na extremidade
ocidental, onde a deslumbrante vista oceânica lhe lembrou o cantinho natal e o seduziu a deixar a sua chancela com um investimento avultado nas artes…
Atravessou os
anos conturbados do século vinte, desde as noites cerradas pela escuridão, tanto pela ausência de eletricidade como pelo apertado cerco imposto pelo império otomano ao seu povo, levando mesmo ao extermínio de alguns arménios, passando pela maldita guerra que desgraçou
o velho continente, ao mesmo tempo que a prosperidade lhe ia conferindo o
estatuto, através do negócio do petróleo, até à tranquilidade dos últimos dias e
harmonia que encontrou nos encantos de Lisboa…
José
Rodrigues dos Santos, é já um mestre da escrita, este é um grande romance,
entre a dura realidade da história e a beleza da fantasia e do amor! Eis um
pequeno excerto do que podemos encontrar, nas derradeiras páginas do
Milionário em Lisboa:
“Olá, Krikor.”
A voz foi uma bofetada saída do tempo que me atingiu onde menos esperava… Uma vida que regressava, inebriando-me com o aroma dos carvalhos que decoravam as margens do Reno, envolvendo-me com o perfume suave dos salgueiros que descia pelo crepúsculo sobre a casa dos Kaiseri…, o fedor que conspurcava as estradas da Anatólia naquele verão maldito em que me perdi, depois de a perder…
"Marjan…".
Como era bom saborear de novo nos lábios este nome feito de encanto e magia. O mais incrível, contudo, era a extraordinária sensação de a ter à minha frente, de lhe falar e ouvir. Duvidei por momentos, pensei que talvez fosse um sonho.
O que é a beleza?
É a harmonia das coisas perante os sentidos. Mas, o meu pai que procurou a resposta uma vida inteira, rodeado de quadros e esculturas, nos pincéis de Rembrandt e nos bosques de Sintra, na mansão da avenue d’Iena, fui eu e não tu que a vim a encontrar num cruzamento poeirento, perdido algures num deserto da Síria, vergastado pela areia que o vento teimava em acicatar contra mim. Vim encontrar a resposta , imagina, por debaixo de um chador.
A beleza é a cor de que se pinta a verdade.
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