A viagem dum sonho de verão!

O Agosto, este ano, veio tardio, já muito anunciado, escaldante em demasia, sempre querido e acolhedor, para nos levar com ele, divertidos para o arraial, fieis no tempo da romaria!

Foi assim que, despojados dos afazeres, avançamos pela simplicidade do abandono, aproveitando a amplitude dos itinerários até às estradas beirãs, seguindo os desvios principais, afluindo pelos acessos complementares, seduzidos pelas ramificações fluviais e rodoviárias até às portas do Açor…

O sol brilhava no alto, afogueando as penedias, alumiando as rampas pelas colinas e os curvilíneos itinerários, cada vez mais cúmplices de recantos e recordações, até que num outeiro, por entre os pinhais, vemos exposta a mágica aldeia, sentada no desfiladeiro, encantada como se fosse céu…

Aproveitamos os festejos para celebrar a vida, patentear a amizade e a comunhão, e aproveitamos a tranquilidade campestre, para viajar pelas vias panorâmicas da montanha, ao encontro de recantos aquiferos ou da lonjura avistada nas proeminências montanhosas.

Fomos atrás da ténue luz que se ia escondendo nas fragas, subimos aos miradouros naturais para vislumbrar o poente, desviando pelo negrume do desfiladeiro, amuralhado pelos altos penedos, seguindo estonteantes os focos dum presépio - Piódão, erigido na maravilhosa fundura. 

E regressamos felizes, com o adelgaçado luar pendurado nos frondosos pinheirais, de alma cheia, antes do romper da aurora, tentando evitar o desânimo da partida e o despertar do sonho que, com a graça de Deus, vivemos naqueles dias de verão… 

E foi assim que passaram mais umas férias, dias de sol preenchidos com o fulgor do lazer, a ternura trazida pela brisa do poente, o enlevo do prolongado serão, a preguiça das manhãs tardias, até que num certo dia, acordámos em Setembro, na pressa de voltar ao trabalho e retomar a rotina, à espera que tudo não fosse em vão!