Um momento inesquecível!

Hoje é o dia da Natividade de Nossa Senhora, celebração que é evocada nove meses depois de comemorar a Imaculada Conceição da Virgem Maria, remonta ao século VII o registro dessa comemoração. O Papa Sérgio tornou-a solene, mediante uma grande procissão. mas foi o Papa Inocêncio IV, em 1245, que estendeu esta festividade a toda a Igreja.
“Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que d'Ela nascesse Deus. (…) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança... os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus” - Sermão do Nascimento Mãe de Deus - Pe. António Vieira
Com o aproximar das férias, o verão tórrido a fazer pensar nas frescas sombras dos castanheiros, escolhi um livro para me acompanhar. 
Um Momento Inesquecível, como acontece em cada narrativa arrebatadora, foi o título que deu asas ao sonho da leitura e que trouxe ternas recordações. Desci até às pedrinhas do ribeiro, junto da casa do outeiro, onde os ouriços despontavam da frondosa folhagem, e cruzei aí mesmo o argumento da história da vida de Nicholas Sparks, com tudo aquilo que também me aconteceu
   
O autor, transformou o falecimento da sua irmã numa comovente história de amor, eu encontrei nesse trágico acontecimento, o amor que precisava para deslindar o segredo da vida!
Tinha eu trinta e três anos, a minha vida mudou o rumo da história! Um momento que não se pode descrever nem compreender em duas ou três frases, tão somente o tempo, a amargura ou consternação infligidos tem o condão do discernimento e compreensão!
Estávamos em 2001, Lisboa, cidade estendida pela beirinha do Tejo, alongada entre o relevo das colinas e o alagado estuário, esperava a iluminação da última noite, tal como eu, no alto da janela, assolado pela tristeza que envolvia o breu, defronte do parque, esperava a centelha colorida do firmamento, como quem busca a esperança já vã ou o entretenimento do olhar.
Na planura dos arrabaldes, abraçava o Cristo para Ele me levar ao bairro do outro lado da torrente, Estrela, qual guia que pairava sobre aquele lúgubre lugar, qual éden por perto, na largueza da imponente catedral, soava o tiquetaquear da hora derradeira que apressava as gentes para as praças ribeirinhas ou para os festejos do lar. 
Foi nessa hora, um pouco antes da apoteose, ainda Santa Maria se fazia anunciar, que a minha irmã, lutadora perene à maior rebelião, humilde e serena perante a dificuldade, se deixou levar pela intimidade divina ao encontro de Deus.

Passou já outra metade dos anos, posso ter envelhecido, mas tenho ainda tudo presente no meu espírito, decorriam os trinta anos do matrimónio e da paternidade, agora sei, cada vez que ergo o olhar, que há lá em cima uma crença inspiradora, o autêntico significado da vida anda de mão dada com o milagre de viver!
Agora, que o Setembro lembra o seu aniversário (um dia antes do meu), o começo do calvário para o hospital da Ajuda, inspiro fundo, encho os pulmões do fresco ar que anuncia o final do verão; Lisboa está um pouco diferente, uma infinidade de turistas que inundam as ruas, mas a luz não mudou, o casario continua seduzido pelo encanto da foz, protegido pela imagem do Cristo no monte, à desilusão do por do sol salgado, ainda resta a esperança dum doce amanhecer! 

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