Aleph - qual o sentido da vida!

E eis que outra ocasião fortuita, fez cruzar-me com o universo literário dum escritor famoso, afortunado, pude, duma só vez, conhecer a sua literatura, partilhando com ele a viagem que fez pelo íntimo da sua renovação espiritual e por um fascinante itinerário terrestre.
Paulo Coelho, fiel à sua paixão e entusiasmo pela vida, vai vivenciando experiências e paisagens maravilhosas, procurando sentido para o destino e alguma inspiração divina.
Apesar de tudo, o autor começa por dizer, estar num período de alguma tranquilidade: "Conformei-me com a vida que levo e não preciso de mais desafios. Apenas de paz.”

Mas é sabido que todo o estado de alma precisa duma razão ou dum propósito do ser: “Deveria ser um homem feliz: sou bem sucedido na minha profissão; estou casado há vinte e sete anos com uma mulher que amo; gozo de boa saúde; vivo rodeado de gente em quem posso confiar; recebo sempre o carinho dos meus leitores quando os encontro na rua. Houve um momento em que isso bastava, mas nestes dois últimos anos nada parece satisfazer-me.”

Porque há uma necessidade quase insaciável de atingir a perfeição e mitigar uma angústia iminente, mesmo depois de alcançar certos patamares de satisfação e prazer: “Será que se trata apenas de um conflito passageiro? Não basta fazer as orações habituais, respeitar a natureza como a voz de Deus e contemplar o que há de belo no meu redor?”

Para além da casual fragilidade, são os trágicos imprevistos que lhe causam pavor: “É esse o meu grande temor: a tragédia. A tragédia é uma mudança radical nas nossas vidas, sempre ligada à perda, mas é melhor aproveitar o grande espaço aberto e deixá-lo preencher com algo novo”

Mas as opções são limitadas, deve-se persistir, com a ajuda divina, focado no que realmente importa: “Quem está realmente comprometido com a vida jamais para de caminhar. Tal como o céu e a terra quando se confrontam numa tempestade, ao passar irá deixar o ar mais puro e os campos férteis – mas até lá irá deitar casas abaixo, árvores centenárias tombarão, lugares paradisíacos ficarão alagados.”

Livro adentro, após esta longa introdução espiritual, que irá manter-se presente em toda a narrativa, o autor vai relatando as peripécias de viajante, desvendando o seu passado e percurso de vida, contando como foi o começo da celebridade:
“Algures num comboio que circula entre Paris e Londres, a caminho duma feira do livro; lembro-me da vez que vim a Inglaterra, em 1977, quando deixei o meu emprego numa editora discográfica, decidido a passar o resto da minha vida a viver da literatura. Aluguei um apartamento, fiz vários amigos, conheci a cidade, namorei, vi todos os filmes em cartaz e, menos de um ano depois, estava de volta ao Rio de Janeiro, incapaz de escrever uma linha. Desta vez ficarei apenas três dias, dali apanho o avião para o Rio de Janeiro, onde posso ouvir a minha língua materna nas ruas, tomar um sumo de açaí todas as noites e contemplar da minha janela, a mais bela vista do mundo; a praia de Copacabana.”

Depois desta paragem, o escritor segue ainda por mais “seis paises , encontrei-me com os meus leitores, diverti-me, mas algo me diz que ainda não recuperei o meu reino. Agora falta apenas a Russia. E depois que fazer? Sei apenas que uma vida sem causa é uma vida sem efeito. Se for necessário viajo o resto do ano.”

E foi assim que enveredou por esta aventura transeberiana, percorrendo um dos 3 maiores caminhos de ferro do mundo, que se estende por 9.288 km, ligando centenas de cidades. Após longos episódios e introspeções, que me guiaram pelo cenário e pela sua escrita intimista e criativa, eis que: “A viagem está a acabar e a aventura está a chegar ao fim, dentro de dias estaremos de regresso às nossas casas, onde abraçaremos as nossas famílias, mostraremos as centenas de fotografias que tirámos, contaremos histórias sobre o comboio, as cidades por onde passámos, as pessoas que se cruzaram no nosso caminho.”

E, tal como na vida, depois de cada experiência, mais ou menos arrebatadora, ou de alguma viagem inesquecível, há sempre a sensação de voltar ao nada que somos:
“Quando voltarmos à rotina diária, a sensação de que nunca saímos e fomos até tão longe. Duas semanas, o que é isso numa vida inteira? Nada mudou nesta rua, os seus vizinhos continuam a comentar os mesmos assuntos, o jornal traz exatamente as mesmas notícias.
Não nada mudou, apenas nós que viajámos em busca do nosso reino e descobrimos terras que nunca antes tínhamos pisado. Mas existe apenas na nossa memória, talvez para contar aos netos ou eventualmente escrever um livro sobre o assunto.”


E foi assim, resumidamente, a minha aventura pelo interior das páginas deste escritor, desvendando a sua maneira de pensar e descrever o mundo, tomando conhecimento de locais e costumes inauditos do nosso planeta, também eu, ansioso de preencher partes recônditas do meu ser, de confrontar o quotidiano com a liberdade do sentimento, de sobrevoar vistas panorâmicas para lá do imaginário, deslindar, para cada momento, uma razão de viver!

Segundo Paulo Coelho, Aleph é um ponto que contém todo o Universo, que leva a outra dimensão, em busca de respostas que podem transformar vidas. Ainda, segundo o autor, "é o ponto onde tudo está no mesmo lugar ao mesmo tempo, diante do qual abrem-se portas, por fração de segundo, e logo tornam-se a fechar, mas permitem desvelar o que está escondido atrás delas - tesouros, armadilhas, caminhos não percorridos..."
O lago Baikal situa-se no sul da Sibéria, perto de Irkutsk. Com 636 km de comprimento e 80 km de largura, é o maior lago de água doce da Ásia, o maior em volume de água do mundo, e o mais profundo da Terrra, com 1680 metros. A superfície do lago Baikal é de 31 500 km², sendo responsável por 22% a 23% da água doce de degelo do planeta. Desaguam nele cerca de 30a rios. É um habitat rico em biodiversidade, com cerca de 1085 espécies de plantas e 1550 espécies e variedades de animais.

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