Marquesa de Alorna!

Neste tempo, de chuva e recolhimento, dourados e breves soslaiosvoamos pelo pensamento ou lugares distantes, preenchemos de escrita eloquente ou ilustrações deslumbrantes, as páginas da nossa vida!
Querendo continuar na senda das personagens proeminentes da história de Portugal, recuei alguns séculos, percorri as já romantizadas possibilidades e, decidido já pela sedução da sua escrita, descobri a encantadora figura da Marquesa de Alorna, relatada pela êxtase da sua difusora, Maria João Lopo de Carvalho.
Fui então desvendando o seu percurso de vida, deixando envolver-me pelo ambiente ancestral, participando das conturbadas peripécias, tentando integrar-me na burguesa convivência e nobre imaginário, passando pelos inevitáveis e revoltos episódios, calcorreando os meandros da história pelo interior de Lisboa e da sua intimidade…
Leonor de Almeida, viu, depois do alvor da estrela que alumiava os 5 anos, o olhar turvado pelo tumultuoso tremor de 1755, seguido duma conturbada adolescência, por supressão de paternidade, acusado pelo Marquês de Pombal, de envolvimento no atentado ao rei D.José. Ela, a mãe e a irmã mais nova, haveriam de ficar enclausuradas cerca de 18 anos, no Convento de S. Félix, Chelas, o que lhe permitiu aprofundar o estudo das línguas e poesia…
Foi após a coroação de D. Maria I, que a família Alorna voltou a reunir-se, já com o fortalecimento duma educação distinta, apesar da rudeza do afastamento, vindo, pouco depois, a ser desposada pelo Conde de Oeynhausen, um jovem oficial contratado pelo reino. Com ele, robusteceu o seu carácter e a sua prole, foi residir para o Porto, mais tarde Viena, para onde fora destacado politicamente. 
Acabou por regressar, alguns anos mais tarde, de volta à pátria e à aura familiar, mantendo a ribalta social, mesmo quando ficou prematuramente viúva, com 6 filhos (mais 1 enteado) à sua proteção...
A Marquesa de Alorna, sonhou com ideias de liberdade, a sua poesia destacou-se pela sua contemplação revolucionária, regressou a Portugal, uma vez mais perseguida pelas suas opiniões, por Pina Manique, esteve exilada em Londres, até ao seu retorno definitivo, em 1814, com enorme alegria e natural influência cultural.
Como a cada vida a sua inconstância, nem Alcipe, como foi apelidada, nem a casa de Alorna, foram imunes às dificuldades existenciais, apesar da sua preponderância social e literária, numa época em que despontaram Bocage e Alexandre Herculano.
Enfim, com as graças proporcionadas pela sua vincada personalidade, madurado intelecto e veia artística, de que é prova a sua apurada poesia, quem sabe a sua longevidade, veio a falecer em Lisboa, quase a ultimar os 89 anos, passava o ano de 1839.

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