A distância vai colorindo a melancolia!

O Outubro vai desfiando, pela mansidão ocidental, uma penumbra amena que, depois de atravessar a fortaleza da montanha, vem tombar na planura do oceano, velejando atrás das suaves brisas orientais... Nós, quedados pelo interior luminoso da cidade, vagueamos pelas vias indecifráveis do destino, resistindo ao turvo da melancolia… 
Fazem hoje 4 anos de orfandade parental, fiel apenas à paternidade celestial e aos ensinamentos divinos, vou seguindo o tempo, algures na (in)certeza da caminhada…

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Os tons do outono!

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Relembro algumas imagens, meio desalinhadas no emaranhado do passado, esbatidas pelo anos que se vão acumulando, remexidas pelos pensamentos que revoltam a saudade, surgidas por entre a azáfama do quotidiano e a brevidade da vida... Assim como tatuagens que pigmentam a pele, são ilustrações da eternidade ou emoções avivadas por sombras que já não moldam as figuras, vozes e doutrinas que já não preenchem o vazio da casa, um conforto que já não é pleno sem o regaço ou o olhar envolventes... Tudo isto vem mais à tona quando a ventania tolda os dias de outubro, no enlevo duma folha que se desprende das alturas e vai lenta e delicadamente pintando os tons do outono, sacrificando-se pela transformação de que é tão necessitada a vida!
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Um Verão na aldeia da serra do Açor!

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Irrompe a aurora e amanhece Sublime e dourada montanha Sob a luz natural resplandece À aldeia uma alegria tamanha Tinidos de chocalho distantes Entre matos e terras errantes Vozes que denunciam o labor Até ao ecoar dum maior sinal Da ida à capela, reza habitual  Suplica dum destino de amor O findar da tarde soalheira Proclama a vinda da friúra, Recolhe o gado na palheira Em lameiros de terra dura; A Lua surge no firmamento Exaltando carícias ao vento, Alva esperança pelos céus, E todo o escuro que ali vive E a par da solidão sobrevive Agraciam e louvam a Deus!
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No alto do Açor!

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Já com o Verão avançado, seguimos ligeiros a viagem para os confins da montanha, de tal forma longínquo é  aquele território que apenas guiados por íntimos murmúrios e excelsas visões conseguimos localizar as pequenas terras meio perdidas nos socalcos da serra do Açor, como que chegando a outra dimensão nos  céus! Naquele silêncio, preenchido de momentos fugazes e deslumbrantes imagens do  interior da natureza , procuramos avivar a alegria, levar tranquilidade à palpitação do peito, reciclar os propósitos de vida na partilha fraterna que se proporciona no convívio entre aquela pequena comunidade. Depois regressamos à cidade, aproveitando a corrente do rio para percorrer a inversa trajetória, retornando às terras do litoral, situadas à beira do mar, acolhidos pelas bênçãos do vento que continua suão e um abraço aberto do Redentor que estará lá para dar alento, em cada dia,  à nossa humilde condição!
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